Complicadíssimo escrever sobre uma 'lenda viva'. Imaginei: “E agora, como 'passarei para o papel' tudo o que senti após ter assistido ao show da minha vida???” Confesso que até agora (quatro dias após o espetáculo), o efeito da endorfina subjetiva ainda não passou...Portanto, não esperem muito desta pobre escriba aqui rsrs.
Foi no dia 21 de novembro de 2010, que Paul McCartney marcou o cenário musical 'da terra da garoa' com sua primeira 'apresentação histórica' em Sampa (depois de 17 anos sem passar por nossas bandas). Com o estádio do Morumbi lotado, o ex-beatle subiu ao palco como se fosse um velho conhecido de todos. Esbanjando carisma, ele não se ateve aos clássicos “Oi, Brasil! Boa noite, São Paulo”, a figurinha tirou da manga de seu 'paletó azul' muitas outras frases em português. Ele tentou (e conseguiu) se comunicar com o público em nossa língua, levando a plateia ao delírio, é claro. Além de cantar, 'conversar', o showman brincou muito com o público. Fez graça com seus suspensórios e com todo seu 'charme desajeitado' (típico de um cidadão britânico), Mr McCartney ensaiou dancinhas e até uma 'reboladinha'. It was unpriceless, for sure!
Foram três horas de show praticamente ininterruptas. O inglês de Liverpool surpreendeu a todos com seu 'folego'. Porém, é inegável que o fator primordial durante todo o espetáculo foi a 'comoção' que despertou em cada um ali. Eu, por exemplo, achei bárbaro que o jeitinho de balançar a cabeça ao cantar, marca registrada de todos os integrantes da banda, ainda estivesse enraizado naquele 'senhor' de quase 70 anos...
Com uma 'setlist' impecável, Paul mesclou músicas de diferentes épocas, homenageando Linda, Lennon e Harrison. Vou dizer uma coisa...quando ele cantou “Something” (com 'passagens' de George no telão), não me contive. Foi lindo demais...
Tal sensação se repetiu em vários outros momentos. Com bexigas brancas nas mãos, a galera toda cantou unida: “All we are saying is give peace a chance”. Minutos de plena catarse. Durante aquele tempo, me pareceu que a palavra violencia havia sido retirada do dicionário.
Entre todas as sensações que me acompanharam durante o show, a mais engraçada (e nítida) delas foi a da que tudo 'era apenas um sonho'. “Não, não estou aqui...Não é possível que esteja assistindo ao show de um ex-beatle, ou melhor, do grande e incomparável Paul McCartney”. Louco é que todo mundo ali estava na mesma vibe...Nunca vi isso...Galera anestesiada, comovida e feliz por fazer parte daquele espetáculo.
“Hey Jude”, “Let it be” e, principalmente, “Yesterday” foram as canções que mais mexeram comigo. Contudo, devo ressaltar que sai da minha bolha ao presenciar meu pai cantando e dançando ao som de “Ob-la-di, Ob-la-da” . Cara, chorei. Não faço ideia do que tenha passado por sua cabeça....Só sei que foi demais vê-lo com aquela incrível alegria emocionada estampada em seu rosto.
Voltando...(rs): “Day Tripper” e “Helter Skelter” também fizeram o povo entrar em êxtase que, assim como eu, permaneceu neste estado quase catatônico do começo ao fim da noite.
Quem me conhece, sabe que sou totalmente avessa a endeusar artistas. Muito pelo contrário, sempre encarei (até os meus preferidos) como pessoas normais que possuem apenas um diferencial: o de realizar seus trabalhos publicamente. Nada além disso... Só que, meu...Paul é Paul...O cara, definitivamente, está 'acima' disso...
NAMASTE