segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A Vida além do Umbigo


Atualmente, há inúmeros cursos voltados à gestão de pessoas, de crises, de assuntos relacionados ao bem-estar entre as pessoas. É claro que focados no lucro, pois para uma empresa “dar certo” é necessário que o relacionamento entre os funcionários e seus clientes seja eficaz.

No entanto, há algum tempo me pergunto... Se as pessoas não fossem tão individualistas, se soubessem se doar, será que este assunto estaria tão em voga? Possivelmente sim, mas creio que não com tanta ênfase.

Administrar nossas vontades com as de nossos semelhantes não é tarefa fácil. Ser justo, sem ser egoísta me parece mais difícil ainda. Trata-se uma preocupação genuína, mas quantos seres humanos partilham da mesma opinião?

No ambiente de trabalho, isso é raro. Não deveria, mas vamos encarar a realidade. Cada um está preocupado “com o seu”. Antigamente, o valor da palavra era aceito como documento. Hoje em dia, assinamos milhões de papéis para mostrar que não iremos burlar nenhuma regra. Justo, muito justo. Os tempos mudaram…

Porém, como “mensurar” o valor de uma amizade? Devemos guardar os amigos debaixo de sete chaves, dentro do coração (Milton Nascimento), sem nada questionar? 



Por muito tempo pensei assim e, é claro, os resultados não foram lá muito satisfatórios…Apesar de muitas vezes falar muito, sempre soube ouvir e dar conselhos aos que estavam em minha volta. Recebi muitos abraços, assim como escutei: “amiga como você não há”. Como consequência, acabei por receber vários telefonemas no meio da noite de pessoas que estavam desesperadas, pelo fato de alguém da família estar doente ou pelo possível término de um relacionamento… Sempre os atendi com muito amor e boa vontade e nunca me arrependi disso.

Além disso, vira e mexe, “tomava as dores” daqueles que me eram importantes. Neste ponto, ia até o fim, sem ao menos “ouvir” o outro lado da história. Afinal, quem é amigo faz isso, né? Ou não?

Eu sofro do mal de “sensibilidade excessiva”, porque sempre me doei demais. Já deixei de ir a lugares que queria, porque a galera tava a fim de curtir outro esquema. Também faz parte, não?

Sempre achei que tudo isso “fazia parte” do “pacote”. Até que comecei a notar que as coisas “não eram bem assim” para muita gente. Aquela amiga que vivia me ligando para desabafar, por exemplo, encontrou seu príncipe encantado e sumiu…Na sua cabeça, eu não “cabia mais na vida dela”. E aquele outro com quem trabalhei anos e resolveu deixar a empresa para se mudar para outro país? É, ele também achou que “não tinha mais nada a ver” manter laços, porque não havia mais interesses em comum…

O mais “descabido”, porém, é quando os tais “interesses em comum” partem só de um lado, do lado que convém…Dos indivíduos que te procuram quando estão com problemas e que também acreditam na máxima de que “quando se é amigo, deve-se tomar as dores”, mas quando o lance não é com eles, o que acontece? Eles simplesmente não têm tempo para conversar contigo…Uma pessoa em comum foi extremamente grossa com você? Ele até lamenta, mas caso necessite dela, pelo motivo mais ridículo que seja, acaba dando de ombros…Afinal, não foi com ele o “ocorrido”. Estas coisas acontecem…Afinal, somos seres humanos e erramos a todo o momento. O problema é quando não nos damos conta disso e seguimos como “se nada tivesse acontecido”.

Enfim, eu lamento muito por tudo isso. Já cansei de ouvir: “Nossa, você continua amiga de tal pessoa? Não sei como aguenta”. Aguento porque me permiti. Não estou me colocando no papel de vítima, mas sim no da “falta de jogo de cintura”. Aliás, atrevo-me a dizer que em muitas ocasiões fiz parte do time do “Falta de Amor Próprio SA". Afinal, não sou santa, estou muito longe disso, btw. Então pra quê me submeter a este tipo de flagelo? Atitude um tanto quanto burrinha de minha parte…

É bem provável que tenha (mal) acostumado a alimentar o meu ego assim, ao tentar ser a amiga “quase perfeita”. Só que, na boa? Não preciso de tal título.

Acho que está (mais do que na hora) de pensar mais em mim. Não, não tomarei nenhuma atitude drástica a aqueles que chamo de amigos, mas meu comportamento irá mudar. Se os laços realmente forem fortes, eles resistirão. Assim, eu saberei quem me considera de fato. Não, não se trata de um teste, é o meu umbigo que está em jogo ;)

 NAMASTE