sábado, 11 de setembro de 2010

11/09 - BLACKOUT

Nem liguei a TV ainda porque sei que "hoje é dia". Obviamente todos sabem a que me refiro: September 11th, Twin Towers. Sim, o atentado que "abalou o mundo". E não...meu intuito não é escrever sobre o 'evento' de maneira racional, debatendo questões políticas ou esmiuçando fatos já extremamente detalhados, tantas vezes, por tanta gente... Gostaria apenas de "dividir" minha impressão sobre um assunto que parece totalmente 'desconectado' ao citado acima, que é: "como o cérebro pode nos manipular". Confuso? Pois deixe-me explicar melhor...

New York. Onze de setembro de 2001. Pessoas correndo nas ruas, o metrô em "sinal de alerta", e eu, naquela data e local, apenas preocupada em ir ao colégio, pois o relógio não é lá muito amigo, já que sempre estou atrasada...

Sem TV e sem o hábito de escutar rádio de manhã, observei que tudo estava muito estranho...mas tentei seguir para o meu destino. Foi quando notei a 'muvuca generalizada'. Um tanto quanto confusa, acabei entrando em uma farmácia. Lá a TV estava ligada.

A partir de então comecei a prestar atenção em uma jornalista, visivelmente abalada, que comentava sobre o 'ocorrido' com as Torres Gêmeas. Praticamente chorando, a profissional transmitia o que se passava naquele momento: "Pessoas não param de se jogar do prédio. O que está acontecendo é uma tragédia que ninguém jamais imaginou" (último comentário um tanto quanto 'questionável', mas não estou aqui pra isso).

Como não 'funciono' bem pela manhã e, pra completar, havia dormido mal, foi a partir daí que comecei a 'ligar os fatos' e resolvi voltar para a residência estudantil, em busca de mais informações e também temendo por minha segurança, é claro.

Chegando lá, dei "de cara" com minha roommate, que chorava muito. Aos poucos, ela conseguiu me contar o que estava rolando. Sentimentos estranhos começaram a tomar conta de mim. Uma 'surtada leve e momentânea" foi o primeiro. Afinal, ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo... e as especulações eram as mais diversas. Tentei me manter positiva e, até então, a palavra "atentado" ainda me soava exagerada. Foi quando percebi que não podia telefonar, nem ter acesso à Internet; sem contar no esgotamento visual e mental da figura do Bush... Depois? Blackout.

Não consigo me lembrar de quase mais nada. Meu cérebro pifou. Sentia-me como um zumbi obedecendo ordens, do tipo: "Todos desçam do prédio pq há uma ameaça de bomba". Fiz isso duas vezes, anestesiada.

Uma sensação de impotência tomou conta de mim. O que poderia fazer? Deveria continuar lá ou voltar? Impossível me recordar dos detalhes. Só consigo visualizar muito bem o desespero de minha roommate, que achava que estavámos a uma passo da 'terceira guerra'. Tentei acalmá-la, em vão...já q ela tinha surtado. Eu também tinha, mas sentia que estava "fora do meu corpo", observando tudo de longe...Palpitações, mãos tremendo, um cigarro após o outro e "remédios pra dormir pra me manter acordar" são minhas recordações 'físicas'.

Após o atentado, fiquei mais uma semana em NY (porque os aeroportos estavam super lotados, assim como as passagens para o Brasil não estavam sendo fáceis de adquirir). Sei que muita coisa aconteceu neste meio tempo, mas...blackout. Meu cérebro realmente parou e só agiu de forma robotizada Até meus sentimentos se tornaram "condicionados", já q a menina que estava comigo precisava de uma pessoa "aparentemente calma" a seu lado.

Enfim conseguimos passagens. A viagem de volta é ainda um grande X para mim. De nada me lembro. Sim, meu cérebro havia me manipulado. Talvez se não tivesse feito isso, eu teria arrancado todos meus cabelos ou então teria tomado tantos remédios que, provavelmente, não estaria "apta" a escrever neste momento, sendo bem eufemista.

Ficar away é uma parada estranha...assim como ter consciência de estar 'meio inconsciente', sei lá...

O fato é que depois de tudo isso, assumi a posição: "Jamais voltarei a NY". Em minha concepção, o lugar em que havia me divertido tanto, conhecido tanta gente, me apaixonado (mais de uma vez, btw rs) nunca mais seria o mesmo.

Agora penso de forma diferente...Tirando todos os contras de morar em uma cidade como New York, posso afirmar, veementemente, que em um 'piscar de olhos' estaria lá novamente. Sou apaixonada por esta metrópole. Saudades incomensuráveis da Broadway, da Fifth Avenue, do Central Park, da frivolidade, do touro de Wall Street e, é claro, do WTC (onde rolavam festas incríveis pra brasileiros, todas as quartas)...

Não é à toa que meu seriado preferido seja "Sex and the City". A 'loucura' de Carrie Bradshaw por Manhattan é totalmente understandable pra mim, condenando-me a questionar sobre minha outra paixão: Londres. Não sei dizer em que lugar me "encaixo" mais. Bem, se me perguntar agora (me refiro a este exato momento), a resposta é mais do óbvia...

"Start spreading the news..."

2 comentários:

Renato disse...

Gatíssima vc eh mto engraçada e tah cada dia mais linda........Qdo a gente vai se ver de novo??????
Beijaço gata!

Carla disse...

Obrigada, querido :)

Quando nossas agendas 'baterem', podemos combinar algo, claro rs.

Beijo e saudades