quinta-feira, 14 de outubro de 2010

A PAZ QUE EU QUERO (E PRECISO) TER

Buzina, transito, eternos faróis fechados, pressão no trabalho, cobranças indiretas dos amigos, relacionamentos amorosos em foco. Vivemos ‘sob pressão’ constante e nos acostumamos a ela...Afinal, para sobreviver, temos que nos adaptar ao meio em que vivemos, não? Bem, pelo menos foi o que Darwin pregou...

Pois é, tudo isso a custa de quê (ou de quem)? De nossa saúde física e mental, no mínimo. O estresse toma conta, vai minando nossa sanidade e nós ficamos de braços cruzados, já que ‘a vida é assim mesmo’. Só que corpo e alma padecem...

Confesso que dizer ‘não’ é uma tarefa difícil pra mim. Foi por isso que prolonguei amizades e relacionamentos amorosos que deveriam ser ‘cortados’ no primeiro sinal de desrespeito. Aguentei grossuras, fechei os olhos para comportamentos descabidos (entre outras coisas) pra quê? “Porque não vale a pena se estressar, não revide, não ligue...” – foi assim que fui criada, numa espécie de cultura de ‘submissão’, em troca de uma falsa tranquilidade...

No entanto agora penso ‘diferente’. Uma canção do Marcelo Yuka reflete muito bem meu ‘conceito atual’: “A minha alma tá armada e apontada para a cara do sossego...pois paz sem voz, paz sem voz não é paz é medo!”

Tal medo pode ser observado de várias formas...por uma contínua “deglutição de sapos” (sob disfarce de calma), pela aceitação de imposições absurdas e por reclamações ininterruptas...

De tempos em tempos, sinto vontade de me isolar, com o intuito de encontrar, descobrir a tão famosa ‘paz interior’. Porém, vivemos em sociedade, e apesar de curtir ficar sozinha, tenho que encontrar este ‘estado de espírito’ em meio ao caos.

Cobranças e pressão não cessam, mas posso/preciso aprender a lidar com elas para não ter insônia, não exagerar na comida (ou o contrário, não comer nada) ou ficar angustiada sem motivo aparente.

Hoje entrei pela primeira vez em uma igreja messiânica e recebi meu primeiro Johrei, palavra composta de dois ideogramas: 浄 "Joh" (purificar) e 霊 "Rei" (espírito). A tal “Purificação da Alma” pode ser considerada, por muitos, um ‘tipo de religião’, mas como tem com base o Budismo, na minha opinião é mais uma filosofia de vida. Pensar no semelhante, ajuda-lo e estar feliz consigo mesmo 'espelha' um pouco o que o Johrei prega. Entretanto, ajudar quem está em nossa volta não significa dizer ‘amém’ pra tudo.

Também voltei a meditar. Até iniciarei um curso em breve, pois minha tranquilidade é so fachada em algumas ocasiões. Fui doutrinada por minha mãe a ‘nao ter mágoas, praticar o perdão etc e tal’. Tudo muito lindo na teoria...Porém, hoje sei que ‘a paz que quero ter’ não deve ter tais conceitos como ‘alicerce’ somente. O principal a fazer é me perdoar. A segunda etapa é impor limites, senão o mundo me engole (como já engoliu tantas vezes).

“Paz sem voz não é paz, é medo”. Medo do que? De não ser compreendida? De não ser aceita? De não ferir os sentimentos alheios? Para, né? Se precisar gritar para ser ouvida, eu berro...Caso neguinho não curta, I am so sorry...Cansei de ser terapeuta indireta e de reclamar sobre isso...

O meu ponto de vista em relação ao mundo só irá mudar quando eu agir de forma diferente. Não posso esperar nada de ninguém, a não ser de mim mesma... As pessoas não irão se ‘transformar’, continuarei cercada por hipocrisia...mas só atingirei o meu sossego se não for hipócrita comigo mesma.

Estou sim em busca da paz, mas de uma paz consciente, não daquela que me ‘obrigue’ a ceder, mas ‘daquela’ que permita que eu me doe de maneira inconsciente.

Ceder possui a carga de ‘obrigação’, doar-se é sabedoria.

NAMASTE

6 comentários:

Priscila ZF disse...

Oi Cá,
A sua busca é a busca de muitos. Acho que pensar assim ajuda a nos sentir melhor... não estamos só. E se somos muitos querendo a mesma coisa, essa coisa é possível! Beijão!

Carla disse...

Ótimo maneira de pensar, Pri!

Se tudo é possível, imagina quando nos unimos! A dupla querer+atitude é, no mínimo, 90% da trajetória para 'encontrar' o que tanto buscamos :)

Beijão, querida!!!

Marcela disse...

"Paz sem voz não é paz, é medo". Adorei!

Carla disse...

E não é, Chu? ;)

Conhece esta música, né?

Beijo!!!

Marcela disse...

Conheço, claro! :)
Gostei da associação da letra ao post. Bem original.

Carla disse...

:)